domingo, 10 de outubro de 2010

Comprando um 38

Lembro até hoje do dia em que resolvi comprar um 38. Parece que foi ontem. Na loja, mais um cliente, esperando a sua vez de ser atendido. Parecia que a minha presença estava perturbando os outros; como se não estivessem conseguindo entender o que eu poderia estar fazendo lá. Saí da loja e fui direto pra casa. Já estava ficando ansioso.

15 minutos de latão com o 38 no colo. Pareceu-me uma eternidade. Chego finalmente. O 38 em cima da cama; me olhando, ou analisando, sei lá.

Está quase na hora. Boto aquele disco antigo, enjoativo, depressivo, é nele que busco alguns dos motivos que me levaram a comprar o 38. Está quase na hora. Acendo um cigarro e espero, rezando, pra não morrer antes de experimentar o 38. Está na hora. Levanto e vou até a cama; o 38 me olhando, ou analisando, sei lá.

Acabou o tempo de pensar é resolvo experimentá-lo de uma vez... A dor. Puxo e vem a dor aguda me levando tão longe daqui.

Parece que foi ontem que resolvi comprar o 38, mas já faz tempo. Uma ideia madura. Mas a falta da grana que não me deixava cumprir o meu desejo. Consegui. E o experimentei!

Tentarei me lembrar, da próxima vez, que o meu número é o 41.

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